No mês que se comemora o dia mundial da educação, é importante lembrar que educar não se faz somente em sala de aula. Educar crianças e jovens para se tornarem cidadãos conscientes do seu papel na sociedade é uma atividade complexa, realizada em vários ambientes e por vários agentes.
Desde a aprovação da nova Base Nacional Curricular Comum, o ensino de habilidades socioemocionais tem sido um tema comum e bastante comentado. Mas, como fazer essa abordagem em casa? Quando as crianças estão prontas para aprenderem essas habilidades? De que forma?
“Da mesma maneira que as questões relacionadas ao ambiente escolar, existem mais dúvidas do que certezas neste campo. O que podemos afirmar que semelhante à nossa vida, as habilidades socioemocionais não se apresentam em “caixas separadas”, elas estão presentes intrinsecamente em nosso cotidiano. Eu não posso dizer “ok, hoje vou te ensinar o que são habilidades socioemocionais, como falaria sobre o tema meio ambiente, por exemplo” explica Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia.
“Nós enquanto responsáveis, podemos enriquecer as mensagens passadas às crianças e adolescentes por meio da educação socioemocional, sem agir de forma mecanizada. Podemos estimulá-los para que, de acordo com sua capacidade etária, possam fazer suas próprias conexões emocionais, cognitivas e sensoriais.”, descreve Victoria.
Veja a seguir 5 formas de como a Psicologia Positiva pode lhe ajudar a ensinar habilidades socioemocionais aos seus filhos e que podem servir de exemplo e inspiração para uma infinidade de outras ações:
- Estimule a generosidade. Desde bem pequenos incentive seus filhos a participarem de feiras de doação e troca de brinquedos e objetos. Explique o sentido da doação, porque é feita, para quem, que benefício traz, como é possível dividir quando se tem muito. Envolva as crianças na separação, na entrega, na troca. A generosidade está ligada à forma como nos relacionamos, como vemos o outro, à empatia. Outra forma de ensiná-la é explicar o benefício em dividir brinquedos com amigos, irmãos, colegas de escola.
- Desenvolva a resiliência. Vivemos em uma geração em que os resposnáveis zelam tanto pelo bem-estar de seus filhos, que algumas vezes até os poupam de vivenciar situações importantes para sua formação: não ter aquele tênis da moda, aceitar que não almoçará sempre o que gosta, ter que faltar a uma festa porque existe um compromisso familiar. Essas frustrações não farão dos seus filhos as crianças mais infelizes do mundo. Pelo contrário, as prepararão para tolerar grandes baques que a vida adulta lhes reserva.
- Ofereça um mar de experiências. Cabe a nós mostrar a eles como a vida é ampla e repleta de possibilidades. A mescla de jogos tecnológicos com atividades bucólicas como rodar pião ou montar uma cabana de lençol no meio da sala. Ou ainda, andar na chuva, tomar sorvete no shopping, tudo isso, faz com que nossos pequenos aprendizes possam formar sua noção de mundo. Que tal estimula-la de maneira mais ampla? Claro que existem afinidades e gostos, mas é possível ampliar as experiências todos os dias. Seja ensinando uma receita culinária ou mostrando sua habilidade da era dos passinhos no moderno videogame que capta os movimentos do corpo.
- Entenda que raiva, tristeza e “tédio” existem. É comum os adultos desmerecerem ou minimizarem as emoções dos seus filhos desde a primeira infância. Perdemos com isso uma grande oportunidade de ensinar o autoconhecimento a eles. Muitos não conseguem verbalizar o que estão sentindo, apenas agem da forma como se sentem melhor. A raiva é tratada com repressão. Tédio é respondido com ironia. Tristeza interpretada como preguiça. Ajudar seu filho a se conhecer e a entender o que está sentindo é um grande desafio. Não é fácil lidar com uma criança agressiva e explicar a ela que está lidando de forma errada com a raiva. Mas, é importante você tenha clareza e veja de que forma e em qual momento propício para abordá-la, trazendo-a para uma outra “estação”, uma outra “vibe”, diriam os jovens.
- Lapide a consciência. Não se pode esperar que uma criança tenha a consciência totalmente desenvolvida. Muito menos os adolescentes que, apesar de terem boas noções, ainda estão colocando-as à prova. Aqui o aprendizado de causa e efeito pode ser transmitido desde uma inocente brincadeira como plantar feijão, por exemplo. Pois, nela a criança é responsável pela rega e acompanhamento de seu crescimento. Para os mais velhos, os responsáveis servirão como espelho para transmitir esta habilidade. Compartilhe com seus filhos acontecimentos da sua vida, situações, ações e efeitos concretos. Apresentando-lhes um convite para se posicionarem no mundo da melhor forma. Outro caminho é ouvir suas ambições, apoiá-los e incentivá-los para que assumam responsabilidades na conquista do que almejam, seja uma viagem, um canal de YouTube, uma banda ou um time de futebol.