Quando vai começar a andar? Quando vai começar a falar? Ou quando vem o primeiro dente? Essas e tantas outras perguntas permeiam os pensamentos da maioria das mães, mesmo as mais experientes. Porém, a única resposta para todas essas questões: depende de cada criança.
Segundo a neuropediatra credenciada da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, Dra. Mayara de Rezende Machado (CRM/PR- 30880), fisiologicamente, as crianças começam a intensificar os sons emitidos a partir dos sete meses, mas é essencial respeitar o tempo da criança, prestando sempre atenção aos sinais de dificuldade. “ O que existe é um período de aquisição. A partir dos 7 meses, as crianças podem começar a chamar a ‘mamá’ e o ‘papá’ e com 1 aninho devem falar ao menos uma palavra compreensível. Com o tempo, a criança vai aprendendo novas palavrinhas até conseguir formar frases simples, o que ocorre por volta de 18 meses. É importante também que os pais consigam perceber se a criança compreende o que é dito, que é um fator de boa evolução. Caso contrário, também é indicada uma avaliação médica”, explicou a médica.
O processo de início da fala de um bebê é complexo e começa muito cedo, desde o período gestacional. Estudos apontam que a partir da 12ª semana de gestação, a criança é capaz de responder a estímulos sonoros, em especial a fala da mãe. Logo depois do nascimento do bebê, o cérebro já começa a reconhecer outros sons e vozes de pessoas e com essa evolução contínua, iniciam os primeiros balbuciares e, depois de algum tempo, as primeiras palavras.
Depois de observar essas etapas, os pais precisam ter alguns pontos de atenção, caso algo não esteja evoluindo conforme o esperado. “Existem etapas importantes para as crianças que estão iniciando o seu processo de fala. É essencial uma avaliação quando há um atraso significativo, ou seja, crianças que não vocalizam ou imitam sons com 6 meses, quando não reagem a estímulos auditivos, como barulhos altos, e também após os 4 anos caso ainda persista alguma dificuldade para compreender o que a criança fala. O que é sempre importante frisar aos pais e mães que cada caso é um caso, então tanto a avaliação quanto o tratamento são direcionados de forma individual e conselhos de amigos, vizinhos e parentes, nem sempre se aplicam a todas as crianças”, enfatizou.
Depois de passada os desafios do início da comunicação verbal, respeitado o tempo da criança e ela já falando, não é hora de relaxar. Neste período outros desafios podem aparecer, como a troca de letras, ou dificuldade de dicção, e novamente, pode ser a oportunidade de procurar ajuda de um especialista. “Durante o processo de aquisição da fala, é normal algumas crianças trocarem ou omitirem algumas letrinhas, porém, após os 4 anos a fala já deve ser facilmente compreendida. Então, após essa idade, caso a criança ainda apresente alguma alteração na linguagem verbal é muito importante conversar com o pediatra, que avaliará o quadro e realizará os encaminhamentos necessários. Muitas vezes, é necessária uma avaliação auditiva e neurológica, com realização de fonoterapia para melhora clínica. Agora, caso haja um atraso mais significativo, por exemplo, crianças que ainda não falam nenhuma palavrinha com 1 ano de idade, esse encaminhamento deve ser realizado imediatamente para que se possa realizar o diagnóstico precoce e, assim, instituir a melhor terapia”, explicou a neurologista.
Doutora Mayara de Rezende Machado ainda faz um alerta muito importante: “Qualquer situação que os pais verifiquem como atípica, o ideal é sempre procurar o pediatra de confiança, que lhe indicará o melhor caminho. Existe uma série de alterações do neurodesenvolvimento que podem influenciar na aquisição da linguagem, assim como alterações auditivas, então é importante estar atento e procurar ajuda a qualquer alteração de fala observada”, finaliza.