A aquisição da linguagem é um dos marcos de desenvolvimento mais significativos na infância. E, por trás dela, podem estar pistas sobre outro importante sentido da criança: a audição. “O desenvolvimento da fala pode ser afetado por problemas auditivos de diversas maneiras, dependendo do grau de comprometimento”, explica a fonoaudióloga do Hospital CEMA, Virgínia Brohem. Por exemplo, uma criança que apresenta sinais de distração frequentes, sempre buscando olhar no rosto do interlocutor, pedindo para repetir o que foi dito, pode ter uma perda auditiva leve.

“Quando a perda é moderada, a criança pode apresentar atrasos na aquisição da linguagem, trocando fonemas por dificuldades em perceber as diferenças – como faca/vaca -, além de usar bastante as pistas visuais. Em perdas auditivas severas, a criança faz leitura labial, apresenta distorções de fala, pois tem dificuldades em perceber a intensidade e entonação vocal, tanto dela própria quanto do interlocutor, e pode ainda utilizar sinais para se comunicar”, detalha a especialista.

Atualmente, existe um importante aliado na detecção de perda auditiva na infância: o teste da orelhinha. Ele é feito ainda na maternidade, de forma rápida e indolor, e visa identificar se as células ciliadas da cóclea (órgão responsável pela audição) estão funcionando. Caso ocorra alteração no resultado, o teste é refeito após 1 mês. Se o novo teste continuar alterado, novos exames serão realizados para diagnosticar a perda auditiva.

“A importância de fazer esses testes precocemente é justamente poder proporcionar para o bebê com problema auditivo a estimulação mais próxima do normal através do aparelho de amplificação sonora, ou mesmo o implante coclear, dependendo do caso. No bebê, meses podem fazer toda a diferença”, diz a especialista do CEMA.

Mas, ainda que o teste da orelhinha não tenha detectado alteração alguma, é essencial prestar atenção na fala. “Se a criança tem dois anos e não fala nada, é interessante avaliar sua audição. Problemas de orelha média, como otites de repetição, podem causar perda auditiva temporária, e a intervenção de um otorrinolaringologista se faz necessária, pois essa perda, mesmo que provisória, interfere negativamente no desenvolvimento da linguagem da criança”, afirma a fonoaudióloga.

Embora o desenvolvimento infantil seja único, os pais devem ficar atentos e estimular a linguagem, falando corretamente, e provocando na criança a vontade de falar. Caso percebam sinais de problemas auditivos, é essencial procurar um especialista para que ele faça um correto diagnóstico e indique o tratamento adequado.

 

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