O momento de iniciar o desmame do bebê e passar a oferecer outros alimentos além do leite é um período delicado para os pais, pois gera muitas dúvidas sobre como oferecer os novos alimentos. Afinal, até então o único alimento que o bebê ingeriu foi o leite materno ou fórmula infantil, o resto é tudo novidade.

Entretanto, é uma fase importantíssima para o bebê, pois é na introdução alimentar, nos primeiros contatos com os alimentos, que desenvolvemos o paladar de nossos filhos e criamos hábitos alimentares que eles levarão ao longo da vida.

Eu costumo dizer que o paladar do bebê é uma página em branco e são os pais quem irão escrever!

É nesse ponto que cometemos um dos maiores erros da introdução alimentar, que são as famosas papinhas liquidificadas.

Quando oferecemos tudo batido e misturado, por mais que sejam alimentos nutritivos, o bebê não consegue distinguir os diferentes sabores e texturas porque tem tudo a mesma consistência e o mesmo sabor. O bebê não aprende a tomar decisões e não desenvolve o paladar. Com a papinha ele pode até comer de tudo, mas não vai aprender nada!

Por mais que coloquemos apenas alimentos nutritivos na papinha, ricos em micronutrientes essenciais para o bom desenvolvimento da criança, fica tudo com um gosto só: de papinha. Geralmente o sabor predominante é o do alimento mais forte, não tem textura nem aroma, o bebê não treina a mastigação que também é importantíssima na introdução alimentar.

Atualmente a maioria das papinhas industrializadas é muito boa, sem conservantes e com ingredientes de qualidade (sempre leia o rótulo para se informar). Claro que isso é positivo, mas ainda assim são papinhas e caímos no mesmo erro.

A introdução alimentar, que vai mais ou menos dos 6 aos 12 meses, tem que ser entendida pelos pais como uma fase de aprendizado. Mais importante do que alimentar o bebê é ensiná-lo a comer. Isso vai fazer toda a diferença nos hábitos alimentares que ele levará ao longo da vida. E claro que queremos ver nossos filhos com uma alimentação saudável e nutritiva.

Mas aí vem aquela dúvida: “Meu filho não está comendo nada, não aceita os alimentos que ofereço, será que ele está passando fome?”

É nessa hora que os pais se desesperam e apelam para praticamente qualquer coisa que o bebê aceitar. Preferem dar papinha bem liquidificada para ficar com a consistência mais parecida com o leite e facilitar a aceitação.

Ele não está passando fome! Não, não e não! Se ele estivesse com fome ele comeria, ora bolas. Você acabou de oferecer comida e ele não quis, respeite seu filho.

Guarde bem o que vou escrever agora: até 1 ano de idade a principal fonte de nutrientes do bebê é o leite, seja materno ou fórmula infantil. A alimentação é complementar e deve ser levada como uma fase de aprendizado. O mais importante é ensinar seu filho a comer e desenvolver hábitos alimentares saudáveis que ele levará ao longo da vida.

No início ele vai comer pouquinho mesmo ou não vai comer nada. É tudo novidade, novas descobertas, novas cores, sabores, texturas, aromas…

É como aprender a andar. A criança não levanta do nada e sai correndo pela casa do dia para a noite. É aos pouquinhos, primeiro aprende a engatinhar, depois a ficar em pé, dá o primeiro passo, cai, levanta, tenta de novo e assim vai. Há um processo de aprendizado que precisa ser respeitado.

Se seu filho está ganhando peso normalmente, está dentro da curva esperada de crescimento e ganho de peso, não há com que se preocupar.

A introdução alimentar é uma fase de aprendizado, por isso é importante apresentar os alimentos individualmente e sem sal, use apenas temperos naturais como alho, cebola, salsinha, manjericão, orégano, etc., ou não use tempero nenhum. É importante que o bebê conheça o sabor e textura de cada alimento individualmente para ir se familiarizando com cada um e desenvolvendo seu paladar.

Se não pode misturar nem bater os alimentos, você deve estar se perguntando como dar comida para o bebê. Ofereça os alimentos individualmente, em pedaços pequenos, ou amassados com um garfo, depende do método que você escolher.

Fazer a introdução alimentar da maneira correta, oferecendo os alimentos individualmente e não em papinhas liquidificadas, dá muito mais trabalho. É tudo muito simples, mas definitivamente não é fácil.

Quando estiver se questionando se realmente vale a pena todo esse sacrifício ao invés de simplesmente oferecer as papinhas liquidificadas, pense nos benefícios que seu filho vai ter para o resto da vida dele.

Daqui alguns anos, quando você vir seu filho comendo de tudo, com uma alimentação saudável e balanceada, você vai olhar para trás com orgulho e a certeza de que valeu a pena todo o sacrifício.

 

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Sobre o Autor

Sou Camila Garcia, nutricionista especialista em Nutrição Materno Infantil. Formada em nutrição pela PUC-Campinas e pós-graduada em saúde e nutrição infantil pela Unifesp. Minha missão é ajudar mães a compreenderem a importância da alimentação dos bebês desde os primeiros contatos com os alimentos. E que minha vivência e experiência profissional sirvam de inspiração e sejam um facilitador na maneira como lidam com a alimentação do seu pequeno!